Nem Tradicional, Nem Proteana: Carreira Docente em Faculdades Empresariais
Palavras-chave:
Carreira, Docência, Ensino superior, Faculdades empresariais, EficáciaEste trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Resumo
O setor educacional brasileiro passou por transformações quando o setor privado passou a contribuir expressivamente para a expansão da oferta de ensino superior. A mudança no marco regulatório contribuiu para o surgimento de chamadas Faculdades Empresariais (FEs) que oferecem ensino sem a obrigatoriedade e ações na área de pesquisa e extensão, alterando a estrutura de trabalho e, consequentemente, a carreira. O objetivo deste estudo é compreender os dilemas de orientação de carreira vivenciados pelos docentes das chamadas Faculdades Empresariais. A problematização foi feita a partir do referencial teórico que diferencia dois tipos de carreira: tradicional e proteana. Foi realizado um estudo qualitativo com entrevistas semiestruturadas a docentes destas instituições, analisadas meio da análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que os docentes buscam ampliar o vínculo institucional para o desenvolvimento de suas carreiras no sentido tradicional, mas percebem pouco espaço para isto, sendo necessária uma constante ressignificação da carreira para adaptá-las à realidade destas organizações. Os resultados também indicam que a natureza dos vínculos de trabalho nas FEs brasileiras segue uma tendência já apontada em estudos internacionais sobre os efeitos negativos da estrutura de trabalho na formação da identidade dos professores e na sua satisfação com a carreira docente.
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