“Nos faz refletir sobre o nosso papel social e profissional...”: percepção dos trabalhadores da saúde pública brasileira sobre sua formação política crítica
Palabras clave:
Educação, Educação em Saúde, Saúde Coletiva, PolíticaEsta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
Resumen
A conjuntura dos desmontes na saúde pública brasileira tem forçado aos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil a buscarem conhecimento crítico sobre as políticas de saúde fora da educação formal. Desde o golpe de 2016, um coletivo formado por profissionais de saúde chamado ‘Formação é Política’ se auto-organizou no sentido de construir a crítica necessária aos retrocessos vividos no direito à saúde no Brasil através de um curso de formação política. Assim, este estudo teve como objetivo analisar a percepção dos trabalhadores do SUS que participaram do curso de ‘Formação Política em Saúde’ sediado na cidade de São Paulo, Brasil, sobre a importância da formação política crítica. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa que usou a Análise de Conteúdo Clássica do tipo frequencial para analisar os discursos de 88 trabalhadores que frequentaram o curso. Do ponto de vista pedagógico, o curso foi baseado nos princípios freireanos (como tendência pedagógica) e com uso de métodos ativos de ensino-aprendizagem (como estratégias pedagógicas). Os 100% (102) discursos analisados puderam ser sistematizados em 11 categorias de análise, dos quais 23% (27) depositavam a importância da formação em “Nos faz(er) refletir sobre o nosso papel social e profissional”. Em última instância o conteúdo do curso permitiu alçar outros olhares e reconhecer a política numa chave mais totalizante. Mesmo considerando este movimento formativo essencial, há muito que se fazer para garantir uma mudança substancial no âmbito do ‘político’ em uma perspectiva crítica para a saúde coletiva.
Descargas
Citas
Bauer, M. W. (2010). Análise de conteúdo clássica: uma revisão. En M. W. Bauer e G. Gaskell, Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som – um manual prático. 8a ed. (pp. 189-217). Petrópolis, RJ: Vozes.
Bravo, M. I. S. (2011). Serviço social e reforma sanitária: lutas sociais e práticas profissionais. São Paulo: Cortez.
Bravo, M. I. S., Pelaez, E. J. y Pinheiro, W. N. (2018). As contrarreformas na política de saúde do governo Temer. Argumentum (Vitória), 10(1), 9-23.
Carnut, L. (2019). Para uma crítica ao pós-moderno: o social nas ciências da saúde e o papel da educação crítica – primeiras reflexões. Práxis Comunal, 2, 151-167.
Carnut, L. y Ianni, A. M. Z. (2019). Salud es política: pensamiento social de Floreal Antonio Ferrara y sus contribuciones para repensar ‘lo político’ en la salud. Revista Gerencia y Política de Salud, 18, 1-41.
Carnut, L. y Mendes, A. N. (2018a). Capitalismo contemporâneo em crise e sua forma política: o subfinanciamento e o gerencialismo na saúde pública brasileira. Saúde e Sociedade, 27(4), 1105-1119.
Carnut, L. y Mendes, A. N. (2020). Estado, golpe e regime político: o dilema institucionalismo versus historicização na saúde. Izquierdas (Santiago), 49, 3631-3648.
Carnut, L., Mendes, A. N. y Marques, M. C. C. (2019). Outra narrativa no ensino da Reforma Sanitária Brasileira: o debate crítico de uma escolha política. Saúde em Debate, 43, 133-145.
Carnut, L. et al. (2019a). Teoria política marxista e saúde coletiva: percepção de trabalhadores em um processo de (de)formação crítica. Revista Lusófona de Educação, 44, 99-115.
Carnut, L., Lopes, T. T. V., Mendes, S. J. y Mendes, A. N. (2019b). “Passei a entender a influência do capital na saúde pública...”: formação política crítica dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde. Germinal: marxismo e educação em debate, 11, 182-192.
Chasin, J. (2009). Marx: estatuto ontológico e resolução metodológica. São Paulo: Boitempo.
Dantas, A. V. (2018). Saúde, luta de classes e o ‘fantasma’ da Reforma Sanitária Brasileira: apontamentos para sua história e crítica. Saúde em debate, 42(3), 145-157.
Freire, P. (2011). Educação e mudança. 1a. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra.
Freire, P. (2013). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à práticas educativa. 47a. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra.
Girelli, L. S. (2018). Mídia e clima político no Brasil: os discursos de ódio no pré-impeachment de Dilma Rousseff. Sinais, 22(2), 158-178.
Guimarães, E. M. S. (2017). Expressões conservadoras no trabalho em saúde: a abordagem familiar e comunitária em questão. Serviço Social & Sociedade, 130, 564-582.
Hirsch, J. (2011). Teoria materialista do Estado. Processos de transformação do sistema capitalista de Estados. Crítica Marxista, 33, 145-148.
Jinkings, I., Doria, K. E y Cleto, M. (2016). Por que gritamos Golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil. São Paulo: Boitempo.
Krupskaya, N. K. (2017). A construção da pedagogia socialista. São Paulo: Expressão Popular.
Mathias, M. (2016). E os médicos tornaram-se conservadores? Outras Mídias. Disponível em https://bit.ly/3kcdCrb
Mattos, M. B. (2020). Governo Bolsonaro. Neofascismo e autocracia burguesa no Brasil. São Paulo: Usina.
Marx, K. (2007). Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo.
Marx, K. (2010). Sobre a questão judaica. São Paulo: Boitempo.
Marx, K. (2012). Crítica ao programa de Gotha. São Paulo: Boitempo.
Mendes, Á e Carnut, L. (2020). Crise do Capital, Estado e Neofascismo: Bolsonaro, saúde pública e atenção primária. Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, 57, 174-210.
Mitre, S. M. et al. (2008). Metodologias ativas na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, 13(supl 2), 2133-2144.
Oliveira, E. et al. (2003). Análise de conteúdo e pesquisa na área de educação. Revista Diálogo Educacional, 4(9), 11-27.
Oliveira, J. (1987). Reformas e Reformismo: “Democracia Progressiva” e Políticas sociais (ou “Para uma teoria política da Reforma Sanitária”). Cadernos de Saúde Pública, 4(3), 360-387.
Paim, J. S. (2008). Reforma sanitária brasileira: contribuição para a compreensão e crítica. Salvador: EDUFBA; Rio de Janeiro: Fiocruz.
Peixoto, T. y Peixoto, Nuno. (2017). Critical thinking of nursing students in clinical teaching: an integrative review. Revista de Enfermagem Referência, l(13), 125-138.
Peloso, R. (2012). Trabalho de base: seleção de roteiros selecionados pelo Cepis. São Paulo: Expressão Popular.
Reis, A. A. C. et al. (2016). Tudo a temer: financiamento, relação público e privado e o futuro do SUS. Saúde em Debate, 40(n. Esp), 122-135.
Saldarriaga-Vélez, J. A. (2016). Las escuelas críticas: Entre la socialización política y los procesos de subjetivación. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, 14(2), 1389-1404.
Sobral, L. F., Barros, É. L. y Carnut, L. (2017). A área de política, planejamento e gestão em saúde nas graduações em saúde coletiva no brasil. Trabalho, Educação e Saúde, 15(3), 879-894.
Teixeira, S. F. (Ed.). (1989). Reforma sanitária: Em busca de uma teoria. 1. ed. São Paulo: Cortez.
Tragtenberg, M. (2004). Sobre educação, política e sindicalismo. 3a. ed. São Paulo: Editora Unesp.