Núm. 6 (2017): LIBROSDELACORTE.ES, MONOGRÁFICO 6
ARTÍCULOS

[POR] MEDO E DESEJO NA MODERNIDADE: COMO OS PREGADORES ACONSELHAVAM SEUS REIS A LIDAR COM OS SENTIMENTOS? // FEAR AND DESIRE IN MODERNITY: HOW DID THE PREACHERS ADVISE THEIR KINGS TO DEAL WITH THEIR FEELINGS?

Maria Renata da Cruz Duran
Universidade Estadual de Londrina/Universidade de Lisboa - PDE/CNPq
Publicado octubre 30, 2017
Cómo citar
da Cruz Duran, M. R. (2017). [POR] MEDO E DESEJO NA MODERNIDADE: COMO OS PREGADORES ACONSELHAVAM SEUS REIS A LIDAR COM OS SENTIMENTOS? // FEAR AND DESIRE IN MODERNITY: HOW DID THE PREACHERS ADVISE THEIR KINGS TO DEAL WITH THEIR FEELINGS?. Librosdelacorte.Es, (6), 233–255. https://doi.org/10.15366/ldc2017.9.m6.012

Resumen

Elemento constitutivo da filosofia moral que embasou a política moderna e a expansão das Monarquias, a retórica sagrada reforçou o ideário humanista com a premência da utilidade do conhecimento e da universalidade dos sentimentos. Afetiva, essa instrução não raras vezes comprovou, na fogueira de Savonarola, a supremacia do temor ao amor, tal como anunciado por Maquiavel. Na França, Fénelon será um dos precursores dessa narrativa criando, nos Diálogos sobre a eloquência (1761), um espelho de pregadores utilizado no Brasil por frei Francisco do Monte Alverne, em suas Obras Oratórias (1858). Reflexo tardio do Antigo Regime, o ressentimento dá lugar a uma história dos sentimentos no âmbito da cultura em que se inscreve a legitimidade e a longevidade do medo na prédica moderna e se averigua a importância desse sentimento para a constituição da História e da sociedade na dobra da modernidade.

 

PALAVRAS-CHAVE: História dos sentimentos, oratória sagrada, frei Francisco do Monte Alverne, François Fénelon.

 

--

 

Constitutive element of the moral philosophy that based the modern politics and the expansion of the Monarchies, the sacred rhetoric reinforced the humanistic mentality with the urgency of the utility of the knowledge and the universality of the feelings. Affectionate, this instruction seldom proved, at Savonarola's campfire, the supremacy of the fear against love, as announced by Machiavelli. In France, Fénelon will be one of the forerunners of this narrative, creating in the Dialogues on eloquence (1761) a mirror of preachers used in Brazil by Friar Francisco do Monte Alverne, in his Oratorial Works (1858). Late reflection of the Old Regime, the resentment gives rise to a history of feelings within the framework of culture in which the legitimacy and longevity of fear is inscribed in modern preaching, and ascertain the importance of this feeling for the constitution of History and society in the fold of modernity.

 

KEYWORDS: History of feelings, sacred oratory, friar Francisco do Monte Alverne, François Fénelon.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

Anônimo. Carta anonima sobre o novo methodo ou novo estylo de pregar, que praticão e intentão introduzir alguns Pregadores modernos. Lisboa: Oficina de Miguel Manescal da Costa, Impressor do Santo Officio, 1766.

Bod, Rens, Kursell, Julia, Maat, Jaap, Weststeijn, Thijs. “A New Field: History of Humanities”, History of Humanities, vol. 1, nº 1, (2016). https://doi.org/10.1086/685056

Bourdieu, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1996.

Cardim, Pedro. “Amor e amizade na cultura política dos séculos XVI e XVII”, Lusitania Sacra, 2a série, 11 (1999), 21-57.

Castro, S.J. Conclusões sobre a poesia e eloqüência, presidente D. Luis da Senhora do Carmo. Lisboa: Oficina Luisiana, 1779.

Chartier, Roger. Leitura e leitores na França do Antigo Regime. Tradução: Álvaro Lorencini. São Paulo: Editora Unesp, 2003.

Cônego Fidelis. Compêndio de Rethorica. São Paulo: Faculdade Jurídica, 1862.

Da Cruz Duran, Maria Renata (et al). “Paul Ricoeur e o lugar da memória na historiografia contemporânea”, Dimensões: Revista de História da UFES, 30 (2013), 213-244.

Da Cruz Duran, Maria Renata. “Ecletismo e retórica na filosofia brasileira: de Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846) ao frei Francisco do Monte Alverne (1784-1858)”, Almanack, 9 (2015), 115-135.

Da Cruz Duran, Maria Renata. Ecos do Púlpito. Oratória sagrada no Rio de Janeiro de d. João VI. São Paulo: Edunesp, 2010.

Da Cruz Duran, Maria Renata. Retórica à moda brasileira: transições da cultura oral para a cultura escrita no ensino fluminense de 1746 a 1834. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

De Nossa Senhora, Frei Bento. Elementos da arte oratória ou os princípios da retórica portuguesa. Lisboa: Oficina de Simão Thaddeo Ferreira, 1792.

Delumeau, Jean. “O medo no Ocidente (comentário)”, MultiTextos CTCH - PUC/RJ, Ano 0 – nº 03 (2006).

Delumeau, Jean. História do medo no ocidente: 1300-1800, uma cidade sitiada. São Paulo: Compan-hia das Letras, 1989.

Dixon, Thomas. “Sensibility and history: The importance of Lucien Febvre”, en The History of Emotions Blog. Conversations about the history of feeling from www.qmul.ac.uk/emotions, nov. 2011.

Do Monte Alverne, Francisco. Obras Oratórias. Rio de Janeiro: Garnier, 1858, tomo II.

Drumond Braga, Isabel. “As 'Máximas de Virtude e Formosura' de Teresa Margarida da Silva e Orta (1752) ou a Influência de Fénelon em Portugal”, en Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII. Lisboa: Universitária Editora,1991, 295-305.

Drumond Braga, Isabel. “Entre religião, ciência e política: a parenése seiscentista de Fr. Amador da Conceição”, Revista Territórios & Fronteiras, vol. 9, nº 1 (2016).

Drumond Braga, Isabel. “Para a História do Medo no Portugal Quinhentista: Peste e Religiosidade”, Revista de Ciências Históricas, vol. 8, (1993), 83-96.

Eitler, Pascal (et al). “Feeling and Faith. Religious Emotions in German History”, German Histo-ry, vol. 32, nº 3 (2014), 343–352.

Elias, Norbert. A sociedade de corte. Lisboa, Estampa, 1987.

Fasolt, Constantin. “History and religion in the modern age”, History and Theory, Theme Issue 45, (2006).

Fénelon, François. Diálogos sobre a eloquência. Lisboa: Oficina de António Rodrigues Galhardo, 1761.

Ferreira Figueiredo, Olívia Maria. “A semiótica das emoções no discurso ficcional”, Redis: revista de estudos do discurso 1 (2012)

Hespanha, Antonio Manuel. O caleidoscópio do Antigo Regime. São Paulo: Alameda, 2010.

Koselleck, Reinhart. Futuro Passado. Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.

Machiavel, Niccólo. O príncipe. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

Maciel Silveira, Francisco. Parenética e persuasão em Manuel Bernardes: à luz da doutrina, o calor do afeto e o calafrio do medo. Tese de doutorado defendida na FFLCH/USP, São Paulo,1982.

Marques, João Francisco. “O púlpito barroco português e os seus conteúdos doutrinários e sociológicos – a pregação seiscentista do Domingo das Verdades”, Via Spiritus 11 (2004), 111-148.

Morrissey, Mary. Sermon-notes and manuscript communities, London: Huntington Library, 2016.

Nietszche, Freidrich. Genealogia da Moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Núñez de Cepeda, Francisco. Idea de el buen pastor copiada por los SS. Doctores representada en empresas sacras, con avisos espirituales, morales, politicos y económicos para el govierno de vn principe eclesiástico. Valencia: Vicente Cabrera-Francisco Duarte, 1685.

Pereira, Antonio. Elementos da invenção e locução retórica. Lisboa: Oficina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1759.

Pereira, Miguel Baptista. “Retórica, hermenêutica e filosofia”, Revista Filosófica de Coimbra 5 (3) (1994).

Petri, Rolf. “The Idea of Culture and the History of Emotions”, Historein, 12 (2012).

Revilla, Federico. “La simbología de Núñez de Cepeda en su libro de empresas 'Idea de El Buen Pastor…'”, Boletín del Seminario de Estudios de Arte y Arqueología: BSAA, tomo 46 (1980), 461-474.

Richelieu, François. Testamento Político. Lisboa: Círculo de Leitores, 2008.

Rosenwein, Barbara H. “Worrying about Emotions in History”, The American Historical Review vol. 107, Issue 3, (2002), 821–45. https://doi.org/10.1086/532498

Scheer, Monique. “Are Emotions a Kind of Practice (and Is That What Makes Them Have a History)? A Bourdieuan Approach to Understanding Emotion”, History and Theory 51, nº 2, (2012), 193-220.

Sekkel Cerqueira, Andre. “A retórica da história no século XVII”, LaborHistórico, 2 (1) (2016), 137- 150.

Sullivan, E. “The History of the Emotions: Past, Present, Future”, Cultural History, vol 2, nº 1 (2013), 93-102.

Verney, Luis Antônio. Verdadeiro método de estudar. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1746.

Wickberg, Daniel. “What Is the History of Sensibilities? On Cultural Histories, Old and New”, American Historical Review, 112(3) (2007), 661-684.